1.7.09

Mimese

Toca o telefone.
-Alô, tudo bem?
O senhor que vive infeliz observando a lua refletir na poça, responde:
-Vou bem. A lua está linda!
Mas poderia dizer que perdeu a alegria e enquanto procura, só encontra tristezas pela casa.
Que está vivendo em preto e branco, a alegoria de um passado colorido que desbotou.
Mas o que isso importa?
O senhor poderia dizer: - Vagaluminarios e sungolofotes se borboletronicam nas chuvandeirodas da primaventura.
Que a resposta do outro lado será: - Tudo!
Supondo que iria repetir a pergunta, obedecendo ao figurino seqüencial da função fática.
Como uma enfermeira que entra no quarto do morto dizendo: - Bom dia!
Por isso, ao passar por uma árvore, cairá uma folha sobre meus ombros. Vou acompanhá-la com os olhos até que toque o chão. Depois, mimeticamente, a recolherei, e erguendo o braço, eu direi: - Com licença, desculpe incomodar, mas acho que a senhora deixou cair esta folha.

Nenhum comentário: